Breu 1923
Quando Breu e Parafina entraram conversando animadamente no escritório, logo após as 14h00, e seus rostos surgiram refletidos de relance no pequeno espelho colocado num dos cantos da sala, próximo à porta, o cheiro de mandioca frita pareceu invadir lentamente todo o ambiente O médico disse que eu estou com vermes. A dúvida cruel: "formatam, o corpo e a mente (ou o espírito { ; ) uma Realidade Única RU, apenas dividida e classificada? (Eu fiquei com fome pensando:
Dessa forma dual pelo homem. pela própria mente humana. ou seriam mesmo, completou Parafina
Coisas distintas, como algumas interpretações religiosas? Às vezes. optava peía
primeira hipótese. Não se chega a Deus pelo intelecto. mas S1.111 pela fé, ou pelas armas replicou, Breu, energicamente
pela própria experência existencial e essencial. Talvez mente e corpo estivessem
mesmo protegidos, mas com o desenvolvimento da percepção e da consciência, a
mente fosse atingindo estágios em que passaria então a se relacionar com outras
formas de existência, libertando-se, por fim, da estrutura físico-química, o corpo (enquanto forma). Temo que o resultado dos exames de vermes me leve de volta àquele sufocante
laboratório. Acordei com uma estranha coceirinha no calcanhar esquerdo. Não
sabia onde havia deixado o relógio de pulso, havia perdido os óculos e não
encontrava a dentadura postiça. Havia chupado dois limões e multiplicava os
fatores comuns por três, a fim de estabelecer por que as pessoas não paravam de
falar e pensar... As pessoas mais estranhas e esquisitas são sempre as mais sinceras.
Começava a ouvir, C01U orelhas de porco, Cabeça de Porco, mãos de galinha ou
garras de águia. Criaturas antropomórficas que se localizan e (se) especializamdo em ter
fotonovelas de trás para frente como se fossem bravatas e pares de meias com lindos fios
de lã azul e cuspiam pela janela na careca translúcida dos transeuntes que passavam lá embaixo. Haveria alguma
informação nas patas de uma Mosca? No sistema nervoso de uma Mosca (?) que
~ voava insistentemente ao meu redor. por vezes pousando em meu queixo, em
girava a cabeça num movimento parabólico olhando para o céu
minha barba envelhecia e crisalhada ('72) em minha cabeça. cujos fios de cabelos
embaraçados denunciavam arbitrariamente a atitude louca e extrema contida naquele COCO-
Homo-Nosapiens? Havia comido duas borboletas cinzas. Dois braços de gorila que explodiam. Meus óculos, minha cinta de metura CtrlMod,
metanol minha escova de dente da marca signal, dois isqueiros, dois relógios, dois dígitos fritos e servidos com esparadrapo e pimentão. Acendi o incenso e fui até o quarteirão mais próximo e conversei com duas vacas . O médico insistia que eu tinha Dois Vermes Nojentos morando
clandestinamente nas minhas cavidades digestivas. Por isso, na parte da tarde havia
sentido aqueles movimentos peristálticos próximos ao umbigo. Lembrem-se
que quando era criancinha e podia ficar rindo e mordendo o polegar em frente ao espelho, odiava ter que repetir para a vovózinha: "jnn bigo, vovózinha, Dois bigos, e assim por diante. ". Lembro-me ainda hoje que ela dizia C0111 aquele seu vozeirão de espantalho menstruado: "Nunca diga in bigo. Zequinha. Isso pode causar-Ihe dores no ambi do mem ' Era assim mesmo que a pobre e boa velhinha mejera me dizia. E eu havia crescido alguns centímetros e me achava o tal, apenas porque agora alcançava o espelho do papai na parede do banheiro e podia depilar a face oculta em vênus aquele monte de baratas asquerosas na cozinha preparando a feijoada que eu sentia aquelas dores agudas perto do efizema do ponto central da minha AB DO HOl\ifEN. O doutor insistia que eu
Sofria de catarro e tinha vermes vermelho metállico fazendo rocck rock na
minha barriga. É verdade que doía muito, mas eu não cria. Eu não queria criar
caso com aquela fedida de saia justa. A história horripilante era a seguinte.
Era tudo muito simples.
Um enredo fictício, personagens anfíbios. meio gente grr meio rebeldes,
costurando COlU crises psicológicas e existenciais na varanda cheia de petúnias.
~ L
E uma bolha de vidro maleável que estava no fim daquele beco imundo, por
onde acidentalmente eu havia entrado pela primeira vez de bicicleta e me transformado
naquela abominação branca voadora. Fiz dois furos nas mãos e marquei uma
data qualquer no calendário com meu lápis vermelho, só pra ver. Sentia ainda aquele perfume de galinha
atrás da orelha e revirava os olhinhos, pedindo mais frango com catupiry.
pão .com .Remela o Kia Binho é o pai do Roque, pensei novamente. Eu precisava registrar meu copy
wright com gêlo, mas estava apenas imprimindo mais velocidade às minhas impressões digitais>
minha Logomarca nas fezes amareladas, a fim de salvaguardar futuros resultados
de exames. Uma semana não encontro meu par de algemas e também a
ferro em brasa não foi mais acionado, girou o antebraço duas vezes para
trás e para esquerda, procurando óleo em vão mover a maçaneta do ismilinguidor e minhas gilletes
cada vez IUaÍs sem corte, lentamente me transformou em alguma coisa do tipo
um Chupa-Cabras urbano, un Nosferatus INsatisfeito comendo clipes e lesmas com vinagre em
virtude da flor que se cheirasse da mulher brutal que amava aquela geisha com
gosto de jabá e minha idade de ouro na boca. sem ter tripas e que fazer, então
que entrei pela primeira vez naquela bolha assassina e senti-me muito frio,
correndo pela esquina, e vi a Dona Leda vestida para uma festa de Halioween com uma blusa de florzinha
(Mais uma vez não sei como se escreve o nome desse raio de bruxa americana)
Perdão I Perdão! Pedro II Pedia um atrás do outro com o membro eréctil, querendo
perfurar os vasos sanguíneos das aveias cheias de pelancas mortas, suturadas nas ideias mórbidas na varanda de que todo mundo possa ser, um dia, um réptil disposto a me açoitar
Aproximou-se então em silêncio, com um sorriso teórico no canto da boca, que, contudo, cuspia fel na minha camiseta branca. Por isso, nunca mais te quis...